O que mais pode dar errado?

6 fev • A Vida como ela foiNenhum comentário em O que mais pode dar errado?

grilo de estimação do Fernando Albrecht pode ter sido envenenado
Eu tenho um grilo de estimação no meu box de estacionamento do prédio. Ou tinha. Há anos que ele – como se chama papo de grilo? – me saudava quando chegava e quando voltava. Grilos são como lagartixas, e eu também adotei uma no box, comem mosquitos e baratas. São úteis para a humanidade e comem aquele filhodamãe do aedes, que o diabo o carregue. O grilo, desconfio, não era original. Acho que tantos anos que ele grilava no estacionamento que pode ter sido o trisneto do pater familias.
Estou convicto de que botaram inseticida porque alguém deve ter reclamado. Então mataram o grilo, a lagartixa, deixaram o campo livre para o aedes e, ainda por riba, destroçaram meu coração. Quando um sujeito não pode mais nem ter lagartixa ou grilo de estimação, é porque todas as relações do homem com animais ou seres vivos abaixo do nosso foram para o saco. Não há salvação à vista, podem crer.
Mais triste que minha história é a do presidiário que ensinou uma barata desde que ela era baratinha a dar salto mortal e fingir que fazia strip tease languidamente enrolada num palito de fósforo. Até fazia olhinho. Quando o soltaram, ele achou que podia ganhar dinheiro com ela. E para testar, foi num restaurante dos bons. Pediu um filezão, vinho de trezentos pilas, sobremesa, licor e café. Na hora da conta, pediu para o garçom chamar o gerente, e tirou a barata do bolso, colocou em cima da mesa.
Ela começou a se esfregar no palito e se tivesse um amplificador de som daria para ouvi-la cantando como Marilyn Monroe saindo do bolo gigante e cantando My heart belongs to dady. Quando o atencioso gerente chegou para ver qual era o problema, o ex-presidiário simplesmente apontou a barata do strip.
– Meu Deus, uma barata! – exclamou ele horrorizado.
Pegou um guardanapo, enrolou a mão nele e esmagou a infeliz, que teve morte instantânea.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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