Prêmios versus burocracia

3 fev • ArtigosNenhum comentário em Prêmios versus burocracia

Ganhei no Seu Talão Vale Um Milhão

Em 29 de março de 1972, residindo no Rio de Janeiro, acertei no jogo do bicho (se cometi um crime, pelo tempo, acredito que já caducou…). Naquela data, coincidentemente, dia do meu aniversário, deu na Loteria Federal, no primeiro prêmio, o número 00.300. Fã do duplo zero, acertei em cheio na dezena!

Pretendendo festejar meu niver em alto estilo, tentei receber meu prêmio naquele mesmo dia. Para minha surpresa, às 8 horas da noite, no mesmo ponto que eu jogara, lá estava o prêmio à minha disposição. Comentei com o “funcionário” sobre a agilidade do pagamento e ele me informou que, em futuras oportunidades, se eu acertasse, o valor estaria disponível, não só na mesma noite, mas também a partir das seis horas da manhã(!) seguinte. Em hipótese alguma desejo tecer loas ao jogo do bicho ou a qualquer outro tipo de aposta não regulamentada mas, sim, estabelecer um paralelo entre a “iniciativa privada” e o Governo.

É da natureza humana, ao ganhar um prêmio (inesperado ou não) em dinheiro, o desejo do imediatismo. Por isso o sucesso dos cassinos: você aposta na roleta, no black jack, no bacará; acertando, um segundo depois, ali está o pagador, risonho, com toda a pompa, lhe entregando suas fichas. Nos bingos, a tática é semelhante. O mesmo acontece com prêmios prometidos em programas de TV. Quanto mais rápido, maior a satisfação do cliente, maior a credibilidade em eventos futuros.

Em contrapartida, se você ganhar algum prêmio nos jogos da Caixa, como Mega Sena, Quina, Loto Fácil, etc, acima de R$ 2.000,00, vai ter que aguardar no mínimo três dias para recebê-lo. E, fico a matutar: em plena era da informática e comunicações ultrarrápidas, três dias? Uma conferência dessas não pode levar mais do que um, dois minutos; três, vá lá! Mas, três dias, é um exagero, uma eternidade… E, o pobre mortal, que jamais ganhara qualquer rifa na vida, fica contando nos dedos os minutos, as horas, os dias para entrar de posse do seu prêmio. É um castigo. Eu já passei por isso.

Aqui no meu estado, no Rio Grande do Sul, há uma promoção com o intuito de evitar a sonegação de impostos. Chama-se Nota Fiscal Gaúcha (que no subtítulo chamei de Seu Talão Vale um Milhão – puro saudosismo: era assim que se chamava o plano originalmente lançado, nos mesmos moldes, lá por volta de 1959…). Ontem, para minha surpresa, recebi um e-mail avisando que tinha sido premiado no tal plano. Primeiramente, a terrível dúvida: será verdade ou algum hacker está tentando me aplicar um golpe? Depois de mil conferências e constatações, aleluia!, o prêmio era real. Mas, afinal, de quanto foi o prêmio, porque não informar isso – que é o principal – já no e-mail? O plano previa um prêmio de 300 mil, alguns de 5 mil, prêmios menores de um mil e outros de quinhentos reais.

Marchas e contramarchas, nervos a flor da pele, suor frio (será o de 300 mil?) até que, finalmente, descobri que a sorte me aquinhoara com mil reais. Tá ótimo: já imaginava um final de semana regado a camarões, espumantes e afins, quando praticamente o prêmio recebeu a extrema-unção (os Rabinos que me perdoem pela expressão metafórica): “Aguarde 30 dias e, a partir daí, comece a consultar sua conta bancária”. Dá para interpretar como: “algum dia nós iremos depositar – tenha fé!”. Só espero que não entre em precatório…

P.S. Nos próximos dias festejo vários aniversários: no dia 28 de fevereiro completo 27.000 dias de vida; no mês de março: 888 meses e, no dia 29 de março, 74 anos. Para presentes, entrar em contato com meu e-mail.

Davi Castiel Menda

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