A nuca como alvo

27 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em A nuca como alvo

Reparei que ninguém, ao que eu tenha lido, associou o hábito de morder a nuca de alguém com o personagem Hanibal Lector, esse sim um exímio mordedor de nível cirúrgico. No passado, um jornalista gaúcho mordeu um tio com tal força que a vítima acabou no HPS. Ou, no jargão jornalístico daqueles tempos, “nosocômio municipal”. Normalmente, o infeliz morria ao dar entrada no nosocômio.

O psicanalista Contardo Calligaris, que eu acho muito bom no que pensa e escreve, discorreu sobre o tema dizendo que a mordida evoca uma agressividade extrema que nos indigna por ser muito familiar: é a expressão mais óbvia da vontade de acabar com o outro “na qual deságua facilmente uma grande paixão amorosa”. E encerra com uma muito boa. Em um fim de semana, o marido mordeu o lábio da mulher com força. Doeu e ela se queixou. Ele se desculpou assim:

– Meu amor, foi um beijo uruguaio.

(Publicado em julho de 2014)

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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