A bruxa
A sequência de acidentes aéreos nas últimas semanas é o que na gíria (e na superstição) dos pilotos é definida como “a bruxa está solta”. No fundo, é tudo uma questão de probabilidades, nada a ver com o sobrenatural ou com o voo da bruxa, que pilota algo nada aerodinâmica que chamamos de vassoura.
Originalmente, a temporada das bruxas começava com um acidente com aviação executiva ou mesmo de aeronaves particulares, eu por algum motivo chamavam a atenção da imprensa, normalmente, pelo status social ou empresarial das vítimas ou até pelo fato de o acidente ser inusitado. Em seguida, sucediam-se desastres com aviões maiores e com muitos mortos. No meus tempos de aeroclube, levávamos muito a sério essa crendice.
Digo crendice porque caem aviões pequenos diariamente em todo o mundo e nem por isso a cada queda corresponde uma sucessão de eventos trágicos. E também passamos longos períodos sem acidentes com muitas vítimas, apesar de anualmente as empresas transportarem 3,9 bilhões de passageiros (veja o site Flightradar24).
Enfim, são coisas da vida. E da morte.