EIN WENIG, SEHR WENIG
Gilberto Mosmann*
Ich werstehe ein wenig Deutsch, aber spreche nur sehr wenig, isto é, Eu entendo Alemão um pouco, mas falo apenas muito pouco. É o que, com algumas variações, eu pronuncio quando perguntam se falo o Alemão, em razão do sobrenome. E costumo logo esclarecer que nasci ao meio da Segunda Guerra Mundial, quando falar Alemão aqui era praticamente verboten, proibido.
Lembro que, bem no início dos anos 50, meu irmão e eu, no pátio da casa do nosso avô materno, certo dia, brincávamos. Meu irmão proferiu uma palavra solta em Alemão. Uma palavra trivial. Vovô veio à porta e advertiu: “Não, não”. Nada devia ser dito em Alemão, mais de cinco anos após o término da Grande Guerra.
Ocorrem-me tais questões porque tive o prazer de ficar recentemente à frente de um casal que esperava por um serviço, onde eu estava. Os dois falaram entre si, todo o tempo, num alegre Hunsrückisch, dialeto da região do Hunsrück, no sudoeste da Alemanha, e das regiões brasileiras de imigração; claro, aqui com adaptações linguísticas. Conversei um bocado com esse casal, de Morro Reuter, comentando que o dialeto daqui mistura Português e Alemão, como Milhebrot, pão de milho.
Para mim, não ler nem falar Alemão com fluência tem algo de frustrante. A literatura alemã é primorosa e a leitura de textos no original tem melhor sabor que as traduções, nem sempre bem elaboradas. Quase toda minha geração, exceto nos locais mais ermos, não aprendeu a falar e a ler Alemão, até pela atuação da polícia, ao tempo da Guerra. O nosso avô escutava à noite, de vez em quando, a Deutsche Welle, nos entrantes anos 50.
Com bom sinal em ondas curtas, era apresentado noticiário mundial e boa música. A escuta ocorria com o rádio em baixo volume. Certamente, ainda como precaução pelas repressões de 1939 a 1945, nas regiões de colonização alemã. Entendo como válido o aprendizado do Alemão e, para isso, há cursos particulares por aqui mesmo. Com razoável propaganda sobre tais iniciativas.
* consultor empresarial – gmosmann@gmail.com