Sem querer, querendo
Já tinha me ocorrido que a impressionante capacidade da Odebrecht em ter arquivos com datas, nomes, circunstâncias, valores, detalhes dos valores com que contemplou o mundo executivo e político é mais que a cultura da cautela. Óbvio que o board da empresa sabia que isso tudo ia dar meleca mais adiante, mas vamos combinar, nem empresa suíça entra nesses detalhes todos.
Agora leio no blog do jornalista Carlos Brickmann (chumbogordo.com.br) que a delação premiada continha tantos detalhes que levou todo esse tempo para chegar na aceitação da denúncia, e que tem gente achando que é de propósito, no sentido que o STF ficará soterrado pelo excesso de trabalho. Que é estratégia de defesa.
Faz sentido. Nos anos 1970, houve uma CPI na Assembleia Legislativa gaúcha sobre a doação irregular de área pública para um frigorífico privado. Embora sem culpa no cartório, um dos denunciados arrolou tantas testemunhas que ao final dos trabalhos, que levaram meses e meses, já quase nem se sabia mais qual era afinal o motivo da CPI, muito menos para isolar os verdadeiros responsáveis.