O sobrenatural natural
Nas discussões entre especialistas em futebol, eu fico meio de lado porque, sabem vocês, de futebol, eu apenas cisco. Posso entender a lógica mesmo quando ela é ilógica, mas nessa coisa de escalação, jogadores etc, sou zero. Por isso, eu gostava de ouvir e fazer perguntas ao Cláudio Quintana Cabral, no Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes. Ele e eu tínhamos em comum a obsessão de olhar a floresta e não apenas a árvore.
Lembro que, certa vez, falamos sobre zebras na Copa do Mundo e até nos campeonatos. Disse a ele que, assim como algumas seleções surpreendem, nas eleições sempre aparece alguma surpresa ou fenômeno eleitoral, como nós da mídia chamamos algum obscuro candidato que chegou lá. Vale o mesmo para alguém muito bem situado no quadro partidário que acaba sendo um fiasco nas urnas.
Cabral e eu fechamos o raciocínio. Fenômeno é consequência natural de um fato ou sequência de eventos não detectados a tempo, aí incluídos nós jornalistas, “los invictos”, como dizia o treinador argentino Menotti. Eu encerro com outro Quintana, o Mário: tudo é natural, inclusive o sobrenatural.