O velório

4 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em O velório

Ficamos acabrunhados. O nosso amigo da roda de bar tinha morrido. Verdade que ele já tinha recebido aviso prévio até além dos 30 dias regulamentares, mas, mesmo assim, foi um choque. Ele era para ser imorrível. Erguemos brindes e mais brindes em memória do irmão que nos deixava esperando detalhes do velório. Que chegaram duas horas depois, através de um telefonema para o Pedruva, Cemitério João XXIII, capela tal. Em bloco bebemos, em bloco entramos nela.

Já havia muita gente em volta do defunto, provavelmente de familiares do interior porque não conhecíamos ninguém. Ficamos naquela posição clássica, compungidos de verdade. Pouca iluminação e muita libação me deixaram na dúvida, meu Deus, como a morte faz estragos. Demos os pêsames gerais, rezamos, choramos e depois saímos da capela. Faltava o Pedruva, ué, onde anda o Polaco? Veio junto, ué. A noite já vinha caindo e até pensamos que ele tinha ido a algum bar ali perto para reabastecer. Que nada. Segundos depois, ele nos alcançou, aflito.

– Fomos no velório errado! Eu me enganei, é no São Miguel e Almas e não João XXIII!

Dois velórios para um morto. Convenhamos, tínhamos que estar no Guiness Book.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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