O castigo do Alfredo
Homem de meia idade, seu Alfredo levava vida dupla. Dono de uma loja no térreo de um prédio residencial, mantinha uma amante em um dos apartamentos. A uma prudente distância, morava com a legítima. Como os negócios exigiam serão, ele voltava tarde para a perpétua depois de hora extra com a amásia.
Um dia, o Alfredão teve um troço. Funcionários da loja chamaram uma ambulância, que o levou ao hospital. Enquanto respirava oxigênio de primeira, e crentes que a número 2 era a número 1, subiram no prédio para avisá-la. Ela correu pressurosa e aflita ao leito onde estava seu ordenador de despesas.
Sem saber desse detalhe, um comerciante vizinho que conhecia a perpétua mas não a outra, foi à casa dele avisá-la. Ela saiu correndo e também foi ao hospital para o quarto. Ninguém sabe quantos graus na Escala Richter foi o terremoto e nem mesmo se houve o terremoto. Dias depois o Alfredão teve alta. Nenhuma das duas acusou o golpe.
O fato é que, dali para a frente, a legítima levava o Alfredão de casa para a loja. E assim que a cortina era baixada, ela estava lá para levar o maridão são e salvo para casa. A verdade é que ele ia triste para a lojinha e saía mais triste ainda.