Qualificação faz falta
Qualificação, sabem vocês, é coisa mais em falta na praça. Seja na indústria, no comércio de bens e serviços, seja em outras áreas. Até porteiro bom é raro. Os empresários e educadores não cansam de repetir que, sem qualificação, ninguém vai longe, nem eles nem o Brasil. Como tive uma experiência não muito boa com um restaurante no final de semana, alço minha voz e berro “e os garçons inaptos, hein?”. Feita a ressalva obrigatória para os profissionais da bandeja que são de qualidade superior, por ora fico com os ineptos.
Em algumas casas, você precisa gritar para ser atendido, porque os psiu e olá! não resolveram, muito menos os inicialmente discretos e depois frenéticos acenos. Imagina um cara assim salva-vidas. Alguma coisa fez com que eles não olhem para os lados e, às vezes, nem para a frente. Ou tem o olhar perdido ou olham para o teto, menos para você que vai lhe dar comissão de 20% e uma gorjeta de lambuja.
Certa vez, fui convidado para jantar em um restaurante realmente superior em Köln (Colônia), Alemanha. Do início ao fim, tudo foi impecável, toalha e guardanapo de linho branco imaculado, pratos de porcelana portuguesa, talheres de prata e por aí foi. Estávamos em oito, os garçons postados a uma distância que não permitia que ouvissem nada do que estávamos falando. Fosse aqui, ele até se metia na conversa.
Quando eu pensei em pedir alguma coisa, o cara estava do meu lado. Quando eu comi a maravilhosa sobremesa de morangos, ele deve ter visto minha cara e trouxe a repetição, obviamente, perguntando antes se eu a queria. Queria, oh! se queria. Mataria alguém por ela.
Enfim, ainda estamos longe da civilização.