As bodas de 71
Falei na edição de ontem do blog que, no sábado passado, completei 45 anos de casamento com dona Maria da Graça Pires Freire Albrecht, marca que seguramente nos coloca no Guiness de Recordes ou nos dará uma baita redução de pena no Juízo Final. Eu disse “nos” coloca, não “me”. Afinal de contas, viver juntos durante 16.425 dias não é fácil.
Pois leitores me pediram foto do dia em que convolei núpcias, verbo que ninguém usa mais. Ei-la. Éramos jovens, então. O casório foi no Hotel Plaza Porto Alegre, o luxuoso Plazinha, na rua Senhor dos Passos – o São Rafael só abriria em 1973. Vocês cronologicamente novatos não sabem como eram verdes as pastagens de Porto Alegre. Mas foi o fim de uma época de esplendor.
O fim dos bondes, em março de 1970, foi um divisor de águas de Porto Alegre. Na realidade, o processo começou em 1968 e não foi só aqui, mas no mundo todo. Fim da ingenuidade. Muita coisa boa começou a desaparecer, os bar-chopes, os belos bares dos hotéis, a vida praticamente sem cheques mas com fiado. A economia não estava mal. Com o boom da soja que adviria em seguida, o campo realmente começou a ganhar dinheiro. Para dizer a verdade, a economia estava muito bem, mas como era tempo dos milicos, eu teria que dizer que ia de mal a pior para não despertar a patrulha. Não digo. Fazer o quê. Eu não brigo com a notícia.
Não havia crise de emprego especialmente para jornalistas. Você podia se dar ao luxo de pedir o boné num dia e escolher entre vários empregos oferecidos no dia seguinte. Para ecléticos como eu, dava para pular de veículo e até de ramo, publicidade entre eles. Em relação ao jornal, as agências pagavam muito mais. Então a vida era boa.
Éramos jovens, então. Isso faz toda a diferença.
Foto: Leonid Streliaev
Deste feito teu sou testemunha ocular assim como da, talvez única, incursão do Leonid no ramo de fotos de casamento. Nunca mais se soube de outra, ao menos eu….