Os extremos que encantam
Está na moda colocar títulos compridos nos livros, às vezes, uma frase inteira. Tenho minhas dúvidas se funciona como chamariz, se encantam, pelo menos na pretensão de quem escreve. Nos anos 1980, o saudoso jornalista e escritor Antônio Carlos Resende dava títulos longos às obras, como “Magra mas não muito, as pernas sólidas, morena”. Eu achava estranho, mas no sentido que os castelhanos dão à palavra, mais no sentido de inusitado mas com uma pitada de atração.
Em meados dos anos 1970, apareceu na praça o livro com um nome que valia por todo o texto. Eu costumava dizer que não precisava ter nada escrito, só o título valia por ele: Ninguém Vive Impunemente as Delícias dos Extremos. Tratava de erros e acertos do regime militar de então, carregando mais no prato das críticas. O autor, um delegado de Polícia aposentado, chamava-se Lycurgo Cardoso, homem simpático e de boa conversa.
O livro tinha outras singularidades. Além do prefácio, havia o posfácio e, se a memória não me falha, até o fácio. Na apresentação da obra, o autor informava que, em caso de novas interpretações, as páginas em que assuntos abordados seriam atualizadas e enviadas a quem assim desejasse.
Do ponto de vista de nome curto, grosso e certeiro, o melhor nome de estabelecimento que já vi era o de um açougue distante cerca de 8 quilômetros da cidade de Montenegro: Bumba Meu Boi. Mas essa já é outra história.
« Milênio maluco Pensou errado. Em latim, pennis significa penas. »