Gabarito da chateação

28 jun • Caso do DiaNenhum comentário em Gabarito da chateação

Os recentes acontecimentos envolvendo a prisão de petistas e cobranças indevidas nos empréstimos consignados para funcionários públicos federais, chama atenção o baixo valor cobrado pelo esquema. Nada de grandes valores, de 30 centavos para um pila e deu. Como se diz na economia capitalista, ganhavam na escala. Fez-me lembrar um lobista dos anos 1980, quando essa palavra nem era muito empregada por estas bandas. Ele dizia que não cobrava grandes comissões por sua participação em negócios que envolviam milhões de dólares.

Não se deve cobrar grandes comissões neste ramo, dizia, desperta ciúme, chama a atenção. Cobrava 0,1% aqui, 0,2% ali, o que vale é a soma. A escala, diríamos hoje. Então chamei isso de gabarito da chateação, e ele perguntou de onde eu tinha tirado essa expressão. Contei.

Logo que os bancos começaram a operar com computadores, o fechamento do Caixa e do Razão (termo contábil) tinham que empatar. Como os inevitáveis erros com o fim das fichas impressas, o remédio era debitar uma pequena quantia aleatoriamente no universo dos correntistas. O limite entre você não dar bola e se queixar para a gerência era chamado informalmente de gabarito da chateação, conceito válido até hoje em um número de contas que você recebe, de bancos a operadoras de telefonia e até em empréstimos e operações outras.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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