Os batedores do chope
No passado, quando todos os bar-chopes de Porto Alegre tinham a sua Mesa um, que batia ponto diariamente, de vez em quando vinha alguma revolução farroupilha que acabava com o grupo procurando outras paragens. O grupo então mandava um batedor para um discreto reconhecimento da concorrência. Um deles, um publicitário, levou tão a sério a empreitada que acabou incorporando o espírito de um índio shoshone chamado Coceira no Fiofó, segundo falou ao sair do transe. Não estranhem o nome. Sabemos que os peles-vermelhas davam aos filhos o nome da primeira sensação ou visão na hora que a criança nascia.
Para não deixar ponta solta na história do índio Coceira no Fiofó, seu espírito redivivo contou que o original morreu atropelado por uma diligência da Wells Fargo, em 25 de junho de 1876. Mesmo moribundo, forneceu a um alto oficial da cavalaria norte-americana a cor, idade dos cavalos e o retrato falado do cocheiro e do vice-cocheiro. Nas vascas da agonia, deu detalhes, como o fato de um dos passageiros, uma bela senhora não ter os dois molares.
Infelizmente naquele fatídico dia chegou também a hora do milico, cujo nome era Custer, general George Armstrong Custer. Desde então, o espírito do shoshone Coceira no Fiofó atravessa as brumas do tempo à procura de alguém que precise dos seus serviços.
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