O nanocamarão

30 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em O nanocamarão

Prato com ensopado de camarão enfeitado com brotos

Se tem coisa que porto-alegrense gosta é de camarão. A demanda só não é maior porque o preço é alto demais, vocês sabem. O que tem muito é restaurante oferecendo camarão-pigmeu, o camarão onde-estás-que-não-te-vejo? É o mesmo que mal e mal serve para fazer pastel e empada de camarão. Estou convicto que os pioneiros da nanotecnologia tiveram a ideia depois que comeram um prato de camarão em alguma casa de Porto Alegre.

Há anos, eu gostava muito de uma casa que oferecia fetuccine verde com camarão, que, inicialmente, apresentava alguns de tamanho razoável. O tempo foi espichando e o crustáceo foi encolhendo. Abro um parênteses para garantir a vocês que camarão fresco NÃO tem cheiro de camarão. E ele é reto, fica curvado não de dor ao ser morto, mas porque desincha, perde água. Fecho parênteses.

Pois um dia eu reclamei para um dos donos da tal casa sobre o tamanho do bicho, e então ele veio com aquela conversinha que os pequenos são mais saborosos blá blá blá. Mentira. Mas prometeu servi-los maiores. Foi uma jura, o Juramento do Camarão. Dias depois, conferi o prato e, a partir daquele dia, passei a chamá-lo de A Grande Família: um só camarão médio e pelo menos uns oito filhotinhos de camarão. Pelo menos dois eram nonatos.

É por isso que não acredito na humanidade.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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