O anúncio do cigarros
Nestes tempos de desemprego, a busca por uma colocação exige sabedoria na hora de enviar o currículo. Parte é um desastre, com dados irrelevantes ou erros primários, que certamente as assessorias especializadas explicam melhor do que eu. O meu primeiro currículo – na realidade, não foram muitos porque você pulava de um emprego para outro, havia excesso de oferta. Invejem-me, filisteus.
O meu primeiro foi um desastre. Nem tinha 18 anos e resolvi que o jornalismo poderia esperar um pouco mais, primeiro eu tinha que fazer dinheiro. Então respondi a um anúncio de uma grande agência de propaganda que pedia um redator. Mandei. Marcaram entrevista. Deram-me um dia para criar um texto para anúncio de cigarros. Escrevi.
Fui mal. Gentilmente, o sujeito da agência me explicou que este tipo de produto exigia frases curtas e impactantes e eu havia escrito o primeiro volume da Enciclopédia Britânica. Agradeci muito, o cara me abriu os olhos ao fim e ao cabo. A gente aprende com os erros, e isso sempre foi uma máxima para mim.
Quando se analisa o primeiro escalão do governo, chegamos à conclusão que a maioria tem tantas qualificações, diplomas e experiências anteriores que dava para encher dois volumes da Enciclopédia Britânica.
Só que a eficiência deles na prática não encheria nem um anúncio de marca de cigarro.