A estrada do inferno
Estávamos bebericando nosso cafezinho diário na Cafeteria Chaves, Centro de Porto Alegre, quando alguém falou alguma coisa sobre ter que ir a um urologista. O professor Edson, uma espécie de Mister Bean com PhD, estava atento ao assunto. Como ele nas horas vagas vende bijuterias, dissemos a ele que poderia ser “orologista”.
– Ourologista – falou ele sério, com o dedo professoral fazendo um ponto e depois vírgula no ar.
Depois que a roda se dissolveu como neve ao sol do Saara, fui ao estacionamento pegar o carro e me deparo com o alegretense Djedá. Sabedor que gosto de causos, contou um que vem do tempo em que ele e a então vereadora porto-alegrense Sônia Santos, do PTB, percorriam o interior gaúcho para a pré-campanha ao Senado.
Quando chegaram à cidade de Tenente Portela, Norte do estado, um morador pediu que ela se empenhasse para melhorar a rodovia entre esta cidade e Palmitinho, que ficava um horror com barro.
– Leva três horas para chegar até lá – queixou-se ele.
Sônia fez as contas e com mapa na mão viu que o trecho tinha apenas 27 quilômetros. Ficou espantada com o tempo que levava para percorrer o trecho. Mas seria a estrada tão ruim assim?
– É até pior, dona Sônia. Até cavalo raspa embaixo.
Só faltou dizer que rebentava o cárter do equino.