O bar do Salim
Na segunda metade dos anos 1990, o falecido publicitário Jorge Salim mudou a sede da sua agência Arauto para uma mansão no Morro Santa Teresa, e entre os convidados para a nova fase estava o Beto Roncaferro, integrante de um divertido conjunto dos anos 1970, os Discocuecas. Artista é artista, vocês sabem, e o gordo Salim entendia bem isso porque foi empresário de grandes nomes da música popular brasileira, resolveu deixar o novo funcionário bem à vontade.
– Tem espaço de sobra, então o Beto vai trabalhar num bar, fica mais criativo.
De fato, em uma das salas ele mandou construir um bar de verdade, balcão, tamboretes e bebidas, muitas bebidas, da cachaça da boa ao Chivas. Então o Beto ia e voltava do bar sem sair da agência. Volta e meia o Salim mandava chamar o Beto para alguma tarefa, criar um jingle, algo assim.
– Ele tá no bar – fala o boy. – Pediu pro senhor o chamar mais tarde. Mas ele pediu pra dizer que está criando.
O Salim de repente se deu conta de que bar em uma agência de propaganda não era exatamente uma boa ideia. Um dia ele meio que deu uma bronca com o Beto. Chamou-o para sua sala e deu o recado de ser criativo também fora do espaço etílico.
– Salim, a ideia do bar fui tua. Eu até estranhei, mas ordem de patrão não se discute, se obedece.
E voltou para o bar.