As cinzas do ano inteiro
O ano novo brasileiro não começou. Ainda estamos no estágio de entorpecimento – algumas vezes, literalmente – e o amargo regresso fica para a semana que vem. “Tudo de novo no ano novo”, como repetia um catador de alcunha Sim Senhor, que dormitava na calçada da Zero Hora de 1968, na rua Sete de Setembro.
Eu gostava dele. Ensinou-me a dormir com frio de zero grau usando papel de jornal por baixo de pouca roupa. E como todo alcoólatra, Sim Senhor não dormia, desmaiava. Fim do desvio. A partir da semana que vem, vamos encarar a dura realidade do desemprego crescente, da economia em pandarecos, do Crime S.A. que é o verdadeiro Poder neste país, e o que vem aí nas Lava-Jato da vida. A começar pelo depoimento como investigado de Lula e sua mulher.
Talvez depois do ano novo brasileiro a expressão “agora é Cinzas” adquira um novo e excepcional sentido.