Um concorrente para o Canal do Panamá

27 jan • ArtigosNenhum comentário em Um concorrente para o Canal do Panamá

O combate a um simples mosquito nos faz voltar a uma das grandes epopeias do século passado: a construção do Canal do Panamá. Onde o mesmo mosquito derrotou a equipe do engenheiro Lesseps, que tinha a seu crédito, o feito de ter aberto o de Suez, com fellas, pá e picaretas, mas sem mosquito, pelo menos o da malária. Há uns 6 meses o assunto “ligação trans oceânica” voltou às manchetes, mas quem sabe com a diminuição da sua economia, os chineses tiraram o pé do acelerador.

Falou-se sobre o projeto de um segundo Canal, no qual entra também uma ferrovia. Para falar a verdade, é muito mais lógico que o sonho da nossa presidente, de um trem super-rápido de Campinas para o Rio. Precisamos de trens, sem dúvida, mas precisamos andar a 300km por hora? E pagar pelo empreendimento quatro vezes mais, transportando menos passageiros? Acho melhor não. Quem sabe menos velocidade e atender a mais pessoas. Muito mais pessoas. Mas já que é só papo mesmo, prometer não custa nada.

Querem uma prova? A Ferrovia do Sarney, presidente e senador a vida inteira, não foi capaz de viabilizá-la mesmo com o seu desmensurado poder. Já os chineses idealizadores, donos do projeto, têm feitos extraordinários, inclusive uma ferrovia que vai até o Tibet. Ela passa de 5.400 de altura, portanto, eles têm a tecnologia e experiência.

Voltando ao que será o projeto extraordinário e provavelmente bom para todos, especialmente para a pobre América Central e a também muito pobre Nicarágua, dos irmãos Ortega…O impacto ambiental será resolvido com uma canetada de um dos irmãos, o que estiver de plantão.

O custo será da China e eles têm uma mão de obra distante e dólares na mão. A extensão é em torno dos 300 km. O lago Nicarágua será útil e é enorme, mas precisarão de comportas que deverão atingir uns 30 metros. As do canal atual não devem passar de 10 metros. Mas nada tem sido impossível para os chineses.

O prazo? Esperava-se que o Canal estivesse pronto para 2020, ou seja, mais ou menos 5 anos. Só como lembrança, a ponte de Laguna levou 14/15 anos de “obra”, e uns 20 de promessa (e da revitalização do Cais Mauá é bom nem falar).

Quanto antes melhor para todos, e espero que não tenhamos o desfecho que houve no extremo sul, com a abertura do Panamá e com a rota infinitamente mais curta. As cidades chilenas e argentinas da região e do Canal de Beagle, ficaram literalmente “a ver navios”. É que as cidades viviam do abastecimento e fornecimento aos barcos em trânsito que depositavam ali mercadorias que eram consumidas ou reexpedidas. No caso do Peru e norte do Chile, reembarcadas seguiam até o Japão, Micronésia e Ásia.
Que venha o novo Canal e que vençam os mais competentes.

Flávio Del Mese

Flávio Del Mese nasceu em Caxias, mas tem quase certeza que sua cegonha passou a baixa altura e foi abatida. Isso frequentemente acontece com quem voa por lá, sejam sabiás, tucanos, corujas ou bentevis, mas não tem queixas. Foi bem recebido tanto na infância quanto na juventude, assim como em Porto Alegre, onde chegou uns 15 anos depois, já sem cegonha e a cidade o embala com carinho até hoje. E ele sabe do que fala, pois conhece 80% dos países do globo. Na Europa só não esteve na Albânia, da América só não conhece a Venezuela (prevendo quem sabe, que do jeito que vamos, em breve seremos uma Venezuela). Na Ásia, não passou pela Coréia do Norte e pelo Butão, mas à China foi 6 vezes e também 6 vezes esteve na Índia, sendo que uma delas deu a volta no país de trem, num vagão indiano, onde o até hoje, seu amigo Ashley, tinha uma licença para engatar o seu vagão atrás das composições cujos trilhos tivessem a mesma bitola. Sua incrível trajetória de vida é marcada por uma sucessão de acasos que fizeram do antigo piloto da equipe oficial VEMAG (vencedor de 5 edições de Doze Horas), em um dos fotógrafos mais internacionais do Brasil. Tem um acervo de 100 mil fotos- boa parte delas mostradas nos 49 audiovisuais de países que produziu e mostrou no Studio durante 20 anos e que são a principal vitrine do seu trabalho (inclusive o da volta na Índia de trem). Hoje dedica-se a redação e atualização dos Blogs Viajando por viajar e Puxadinho do Del Mese com postagens sete dias por semana.
Extraído de reportagem:
Ademar Vargas de Freitas
Clóvis Ott
Juarez Fonseca
Marco Ribeiro

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