Um concorrente para o Canal do Panamá
O combate a um simples mosquito nos faz voltar a uma das grandes epopeias do século passado: a construção do Canal do Panamá. Onde o mesmo mosquito derrotou a equipe do engenheiro Lesseps, que tinha a seu crédito, o feito de ter aberto o de Suez, com fellas, pá e picaretas, mas sem mosquito, pelo menos o da malária. Há uns 6 meses o assunto “ligação trans oceânica” voltou às manchetes, mas quem sabe com a diminuição da sua economia, os chineses tiraram o pé do acelerador.
Falou-se sobre o projeto de um segundo Canal, no qual entra também uma ferrovia. Para falar a verdade, é muito mais lógico que o sonho da nossa presidente, de um trem super-rápido de Campinas para o Rio. Precisamos de trens, sem dúvida, mas precisamos andar a 300km por hora? E pagar pelo empreendimento quatro vezes mais, transportando menos passageiros? Acho melhor não. Quem sabe menos velocidade e atender a mais pessoas. Muito mais pessoas. Mas já que é só papo mesmo, prometer não custa nada.
Querem uma prova? A Ferrovia do Sarney, presidente e senador a vida inteira, não foi capaz de viabilizá-la mesmo com o seu desmensurado poder. Já os chineses idealizadores, donos do projeto, têm feitos extraordinários, inclusive uma ferrovia que vai até o Tibet. Ela passa de 5.400 de altura, portanto, eles têm a tecnologia e experiência.
Voltando ao que será o projeto extraordinário e provavelmente bom para todos, especialmente para a pobre América Central e a também muito pobre Nicarágua, dos irmãos Ortega…O impacto ambiental será resolvido com uma canetada de um dos irmãos, o que estiver de plantão.
O custo será da China e eles têm uma mão de obra distante e dólares na mão. A extensão é em torno dos 300 km. O lago Nicarágua será útil e é enorme, mas precisarão de comportas que deverão atingir uns 30 metros. As do canal atual não devem passar de 10 metros. Mas nada tem sido impossível para os chineses.
O prazo? Esperava-se que o Canal estivesse pronto para 2020, ou seja, mais ou menos 5 anos. Só como lembrança, a ponte de Laguna levou 14/15 anos de “obra”, e uns 20 de promessa (e da revitalização do Cais Mauá é bom nem falar).
Quanto antes melhor para todos, e espero que não tenhamos o desfecho que houve no extremo sul, com a abertura do Panamá e com a rota infinitamente mais curta. As cidades chilenas e argentinas da região e do Canal de Beagle, ficaram literalmente “a ver navios”. É que as cidades viviam do abastecimento e fornecimento aos barcos em trânsito que depositavam ali mercadorias que eram consumidas ou reexpedidas. No caso do Peru e norte do Chile, reembarcadas seguiam até o Japão, Micronésia e Ásia.
Que venha o novo Canal e que vençam os mais competentes.