Arame de borracha
Anos 1950. Um caminhão que vinha da Argentina foi parado por um fiscal da aduana.
– O que é que tu carrega, vivente?
– Arame. Carga de arame.
O fiscal fez força para não rir. Nitidamente dava para ver o contorno de pneus, um produto valiosíssimo no Brasil de então.
– Mas que arame, seu! Isso é pneu
O motorista botou meio corpo para fora da boleia.
– É arame sim. Tu sabes a quem pertence essa carga?
E deu o nome de um conhecido coronel dos Provisório, muito chegado ao poder central do Brasil, notório passeador de produtos da Argentina para o Brasil sem passaporte fiscal.
Ao ouvir o nome do coronel, o fiscal arregalou os olhos. Puxou a lona um pouco mais para cima.
– E não é que é era mesmo?
Passou a mão pelos pneus novinhos.
– E arame farpado!