O dia a dia na Islândia

30 dez • ArtigosNenhum comentário em O dia a dia na Islândia

Cuidados ao dirigir na Islândia

Se você está decidido a alugar um carro, posso lhe dizer que é uma ótima opção mas, antes que você se anime a sair guiando, é bom que você leia isto, mesmo sabendo que você vai ouvir tudo novamente. Pelo retorno que tivemos, acho que são muitas as pessoas que pretendem ir até lá. É longe, mas para quem já está na Europa há passagens baratas e de Londres são 2:30hs. Quando viram a carteira de motorista brasileira, o Sr. fez o clássico “How!”que nunca soube exatamente se é uma surpresa, um elogio ou um cumprimento apache.

Primeira pergunta: Você já guiou no gelo? Sim, eu guiei. Ia dizer…na Europa ou Patagônia, mas ele foi mais rápido. No Brasil? No seu país só tem gelo no freezer, e já ouvi: “Sorry, i’m apologize for the silly joke answer.” Ou seja, não tem brincadeira, o assunto é sério. Disse ele algumas coisas, mais ou menos nessa ordem:

*Se tiver muito vento e você estiver no litoral, pare onde você se sentir protegido, trás de uma rocha, morro ou uma casa. A areia com vento tira a tinta do carro e mostrou a foto de carros claros com a frente ou a lateral cinza – cor do fundo, a tinta já era.

*Se começar a chover, diminua a marcha e preste atenção: se começar a cair chuva de pedra, pare imediatamente. Abra o capô do motor e a tampa do porta-malas, fixe um no outro com este elástico (se ficarem inclinados uns 45°, as pedras não o amassarão).

*A seguir, tire os tapetes do carro e coloque-os sobre o teto, e passe esses elásticos. Assim ele ficaria protegido das pedras.

Eu só não tive que ouvir mais conselhos úteis, é claro, porque neste momento chegaram os meus companheiros de viagem. Ele tem uns 2 metros e um cabelão louro que o faz parecer com Thor ou Odin, os deuses vikings, que é como eu penso que sejam, pois nunca vi nem nunca verei um. Nem precisou dizer que era norueguês e engenheiro, tudo mudou.

Fizemos uma locação mista. Nos pontos que precisávamos de um 4X4, trocaríamos o 4X2 por um com tração até no estepe. Quando fomos para o topo de uma geleira – que é a maior da Europa – é um programa de dia inteiro, onde se anda de trenó puxado a cães de scooter de neve. Se pode tentar skys ou raquetes nos pés e tudo mais de neve que você já ouviu falar.

O ponto era marcado por um entroncamento. Chegamos, conferimos, mas não vimos ninguém. Tudo branco. Nós, com um pouco de frio, e só a Kari, sempre ligada, estava ansiosa. Pegou o telefone; primeiro tinha sinal (ou seja, não era da mesma companhia que me atende na Lomba do Asseio. Aqui vivo correndo com o telefone na mão para ver onde tem sinal, ou seja, móvel aqui é o dono não o telefone).

Eu que moro num semiaberto urbano, como todos nós, raramente tenho sinal pela manhã. Ela explicou, etc, etc, e ele respondeu: “Você não está vendo um estacionamento a uns 200 metros?”, e continuou: “São nossos. Peguem um deles.” E a Kari respondeu: “Mas não tem ninguém”. E ele novamente: “Não faz mal, escolha um. Todos estão com a chave na ignição e tanque cheio.”

Esta foi a minha experiência pessoal. Não tivemos um só problema em lugar algum, muito pelo contrário, a viagem ou os contatos na cidade, foram extremamente prazerosos.

Flávio Del Mese

Flávio Del Mese nasceu em Caxias, mas tem quase certeza que sua cegonha passou a baixa altura e foi abatida. Isso frequentemente acontece com quem voa por lá, sejam sabiás, tucanos, corujas ou bentevis, mas não tem queixas. Foi bem recebido tanto na infância quanto na juventude, assim como em Porto Alegre, onde chegou uns 15 anos depois, já sem cegonha e a cidade o embala com carinho até hoje. E ele sabe do que fala, pois conhece 80% dos países do globo. Na Europa só não esteve na Albânia, da América só não conhece a Venezuela (prevendo quem sabe, que do jeito que vamos, em breve seremos uma Venezuela). Na Ásia, não passou pela Coréia do Norte e pelo Butão, mas à China foi 6 vezes e também 6 vezes esteve na Índia, sendo que uma delas deu a volta no país de trem, num vagão indiano, onde o até hoje, seu amigo Ashley, tinha uma licença para engatar o seu vagão atrás das composições cujos trilhos tivessem a mesma bitola. Sua incrível trajetória de vida é marcada por uma sucessão de acasos que fizeram do antigo piloto da equipe oficial VEMAG (vencedor de 5 edições de Doze Horas), em um dos fotógrafos mais internacionais do Brasil. Tem um acervo de 100 mil fotos- boa parte delas mostradas nos 49 audiovisuais de países que produziu e mostrou no Studio durante 20 anos e que são a principal vitrine do seu trabalho (inclusive o da volta na Índia de trem). Hoje dedica-se a redação e atualização dos Blogs Viajando por viajar e Puxadinho do Del Mese com postagens sete dias por semana.
Extraído de reportagem:
Ademar Vargas de Freitas
Clóvis Ott
Juarez Fonseca
Marco Ribeiro

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »