A rua da tortura
As montadoras gastam um bocado de dinheiro construindo pistas com diversas situações de piso, chão batido, com costelas, com buracos maiores que os da Petrobras, água na pista para simular aquaplanagem etc. Poderiam economizar se usassem as ruas brasileiras para martirizar os seus produtos.
Escolhi a minha rua de teste. É a Luiz de Camões, trecho entre a Bento Gonçalves e a Igreja de Santo Antônio do Partenon. Faço esse trajeto todos os dias quando vou para a Bandeirantes. O singular é que ela não tem buracos comuns. Ela tem buracos para cima. O piso de concreto de priscas eras recebeu uma tal quantidade de asfalto mal nivelado ao longo dos anos que ficou um tobogã.
Você condena seu carro à morte se trafegar a mais de 20 Km/h. Afrouxa até aquele pivô que seu dentista colocou com tanto capricho. Assim que o meu médico de dentes colocou-colou um na lateral direita, virou-se orgulhosamente para mim e falou:
– Resiste até a terremoto de 9,5 graus na Escala Richter.
Temerário ele garantir isso. Ao que eu saiba, ele nunca subiu a Luiz de Camões de carro.