O Cabanheiro de Abelha
O jornalista Waldoar Teixeira terminou sua viagem. Desembarcou no porto, levado por um AVC aos 66 anos. Não seguiu viagem nessa nau insensata que nos leva a todos, mais cedo ou mais tarde, a um desembarque como o do Rajá, esse o apelido do santanense. Trabalhos juntos em vários jornais, não éramos amigos desses do peito, mas nos dávamos muito bem, éramos conhecidos com um pé na amizade. Mas, como já disse alguém, depois dos 60 anos todo contemporâneo se torna um amigo porque vivemos os mesmos tempos. E foram os anos bons.
O Rajá. Quando editou Economia no Jornal do Comércio, no final dos anos 1990, dávamos boas risadas quando a redação se reunia para um jantar ou churrasco. Como um dos seus hobbys era produzir mel em sua chácara – melhor dizendo, as abelhas produziam o mel – o apelidei de Cabanheiro de Abelha.
É dele uma frase que me marcou profundamente, proferida em um jantar. Falávamos de como a vida útil de um jornalista é curta, apesar de ficarmos cada vez mais experientes com o passar do tempo. Isso nunca comoveu a patronagem. Então o Waldoar se virou para mim e disse com um olhar tristonho:
– Quando a gente aprende a escrever, nos aposentam.
Essa é a tragédia da minha profissão.