As Dolomitas do Beppi

7 out • A Vida como ela foiNenhum comentário em As Dolomitas do Beppi

De vez em quando, bate uma onda saudosista no Face, lembrando comidas e restaurantes da Porto Alegre até os anos 1960/1970. Meu ex-colega da agência de propaganda Publivar, o jinglista Edgar Ferretti, lembrou de algumas comidinhas que desapareceram do mapa, ou nunca mais alguém cozinhou igual. A pedra de toque foi uma galeteria de Caxias do Sul e o cachorro-quente dos velhos tempos.

Desse cão nem falo mais. Já esgotei meu estoque de saudades e vejo com tristeza que esses atentados com obuses de ervilhas, estilhaços de queijo ralado, ogivas de milho ao ketchup mais meia dúzia de estranhas gosmas têm a aprovação dos amigos como o Prévidi, esse paladar degenerado. Dizem que até panetone ele come, céus! As papilas gustativa de José Luiz devem ter sido criadas no alto forno da siderúrgica do seu Jorge.

Prefiro lembrar dos galetos de outrora, só não vou entrar na história de qual ou quem criou o primeiro. Da outra vez que caí nessa asneira arrumei até inimigo. Sugeri um duelo a coxinhas de frango à milanesa ali na mesa. Não, não embarco de novo. Quero só dizer que, no início dos dos anos 1960, frequentei dois na mesma região, entre Scharlau e Rincão do Cascalho.

O primeiro foi o galeto Regina, no Rincão, na boca da divisão da estrada que vai a Caí e a outra a Montenegro. Era do Pedro Schommer, chamado de Pedrinho. A outra era a do Beppi, em Portão, bem onde hoje tem um viaduto, à esquerda quem vem de Porto Alegre. Ao que eu lembre, era mais frango à passarinha que para as quase-galinhas de hoje.

O italiano Beppi era uma figura. Íamos para lá nas noites de sextas-feiras. Contava que fugiu para o Brasil tão logo a Itália entrou na II Guerra Mundial. Foi duro, dizia, porque, para fugir do fuzilamento por deserção, atravessou as Montanhas Dolomitas com frio abaixo dos 30 graus centígrados.

Claro que tinha massa, mas é que só lembro de acompanhamento, se tinha maionese e essas coisinhas outras que só servem para salgar a conta. O fato é que ele e o Regina faziam enorme sucesso. De Porto Alegre lembro do Scur, quase na boca da Benjamin Constant com a Cristóvão Colombo.

Mas essa já é outra história.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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