Paradas pensativas
Algumas mudanças na vida pública só não me deixam perplexo porque gastei toda minha cota de perplexidades ao longo da vida e carreira. Sempre digo que já vi boi voar e passarinho pastar, então não me assusto mais com borzeguins ao leito. Algumas destas novidades nem impactam em um primeiro momento, só nos damos conta quando se pratica o clássico e insubstituível parar para pensar.
Já nem falo em parlamentos que parecem feira livre, banca com um parlamentar atrás do balcão e, na frente, uma placa de “vendo voto”, coisa que, até os anos 1980, levaria muita gente a pedir pena de morte para o sujeito. Também as propinas e, sobretudo, o enorme valor desses malfeitos me causam espécie.
Mas uma dessas paradas pensativas me deu uma penugem de assombro, coisa tênue. Sabemos que candidatos contratam agências de publicidade ou especializadas em marketing político, mas não recordo de político que tenha contratado uma assessoria de imprensa EXTERNA quando a casa lhe dá de graça assessores à sua livre escolha. Temos pelo menos um caso em Porto Alegre. Inunda as redações com releases sobre os feitos e até pensamentos do cara. É algo completamente fora da curva.
Moral? Não tem moral. Loucura prescinde dela.