O bolo assassino

7 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em O bolo assassino

 Antes que o Natal chegue, vou esclarecer de uma vez por todas essa lenda urbana de que eu não gosto de panetone. Começou com o blogueiro José Luiz Prévidi, que assacou contra minha honra contando em seu blog o que eu já tinha escrito aqui. Num certo dia 24 de dezembro, acordei disposto a fazer o bem sem olhar a quem. Vi um mendigo que dormia ao lado do meu prédio e disse a ele que eu era o Ebenezer Scrooge do Bem, aquele personagem do Dickens que deixou de ser sovina embora eu não o fosse. O que o cabra queria de Natal, dinheiro, comida, roupa?

 – Qualquer coisa, doutor, menos panetone. Toda vizinhança me dá um e estou farto dele.

 Coitado. Imaginei que tinha tanto panetone estocado que daria para os próximos dois ou três anos. Como eu também ganhava muitos, identifiquei-me logo com aquela pobre alma. Cheguei a pensar em doar esses bolinhos borrachentos para a Concepa, para usar na Free Way. Asfalto tipo panetone, não precisa nem usinar, como pneu. Deve durar anos, tenho certeza. É muito mais barato que asfalto clássico feito com piche da Petrobras. E não entra água, é impermeável igual à restauração de dente.

 Ganhei tanto panetone que fiz um acordo com a dona de uma confeitaria perto de casa: para cada três dessas peçonhas que dava, recebia uma cuca.

 Aliás…

 …por que os gaúchos não se presenteiam com cucas no Natal em vez dessa invenção italiana é um mistério. Talvez Complexo de Guaipeca.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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