O cassetete
Até os anos 1990, era comum que entidades empresariais fizessem café da manhã com a imprensa para atualizar as informações do setor. Uma delas era o Sinborsul, o sindicato das indústrias de artefatos e borracha, que promovia esses encontros no Plaza São Rafael. Certa vez, o presidente, Geraldo Fonseca, distribuiu cassetetes de borracha fabricados pela sua empresa, artefatos encomendados por Polícias Militares de outros estados em décadas anteriores e não tinha o que fazer com eles, porque foram substituídos pelos de madeira, bem mais democráticos. A borracha dói muito.
Foi um brinde realmente diferenciado. Quando as caixas contendo este amável persuasor chegaram no recinto, todos foram pegar o seu. O meu guardei na porta do carro, nunca se sabe. Enfim, foi um alvoroço entre os jornalistas pelo inusitado. Quando as derradeiras xícaras de café foram sorvidas, assomou na porta do salão um PM de dois metros de altura. Calma, mas resolutamente, avançou e chegou na mesa onde estava o Geraldo, que já começara a ficar preocupado. Será que era crime dar cassetete de presente? Então o brigadiano disse a que veio.
– Seguinte, gente fina. Eu estava na rua em frente ao hotel quando fiquei sabendo que estão distribuindo grátis cassetetes de borracha, então eu queria saber se posso ganhar um.
Levou.
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