Uma fina camada de verniz
No final de semana, um líder político envia sua newsletter com a chamada “Precisamos ser solidários”. Não é exclusividade dele, e não existe apelo mais inútil do que esse e outros assemelhados. De boas intenções o inferno está cheio. Somos todos médicos e monstros à Louis Robert Stevenson. Debaixo da fina camada de verniz, somos seres primitivos.
Da esteira, assisti sábado um pedaço do jogo entre Vasco e Botafogo. No início, era uma gentileza só entre os adversários, um ajudando o outro a se levantar depois de uma falta. Menos de 15 minutos depois, começou o contrário, com dedos na cara e ameaças de pauleira mútua. Porém, o doutor Jekyll entrava em ação, a turma do deixa-disso. O jogo é uma metáfora da humanidade, embora nem toda ela aja desta forma.
Essa qualidade é aprendida, não ensinada. Manter os demônios internos, o Mr Hyde de cada um de nós, exige muito mais que uma camada de verniz.