Golpe de mestre
(Publicado há três anos e ainda atual)
Existe uma bela maneira de amealhar uma senhora fortuna de forma ilícita e sair safo de toda a complicação subsequente. Primeiro passo é trabalhar numa estatal. Seja um bom soldado do partido do governo, que você galga postos cada vez mais altos. Segundo passo é fazer falcatruas com auxílio de colegas, amigos e políticos, que receberão parte do butim; o terceiro é depositar o dinheiro em bancos estrangeiros, mas não todo ele. Uma parte deve ser enterrada no quintal de uma tia solteirona que mora em Alvorada, algo assim.
Depois que a bomba estourar, peça para fazer a delação premiada, entregue todos seus comparsas políticos. O passo seguinte é entregar o número da conta e bancos onde está depositada parte do afano. Como prêmio, em vez de décadas de cana, terá apenas que usar uma tornozeleira eletrônica e ficar no semiaberto. E para dar uma escapadinha sem ser monitorados enrole a tornozeleira em papel alumínio que impede o rastreamento do seu feliz proprietário. Os tiras não vão poder te rastrear. Se depois o sinal reaparecer e eles reclamarem, diga que foi arte de um sobrinho malvado enquanto você tirava uma sesta. Ou bote a culpa no efeito estufa. Essa última cola melhor.
« F. A. Saudade do trem »