Tio Nica, o Profeta
A primeira vez que li algo sobre o que esperava o futuro do Rio Grande do Sul foi nos idos de 1966/7 na extinta Folha da Tarde. O secretário da Fazenda, Nicanor Kremer da Luz, conhecido como Tio Nica e meu vizinho de andar, convocou uma coletiva de imprensa para fazer um alerta. A folha de pagamento, dizia Tio Nica, tinha batido em “absurdos” 40% da arrecadação total do Estado, o que lhe permitia antecipar um futuro nada risonho para os gaúchos.
Tio Nica sabia das coisas, não é mesmo? Hoje, a questão não é mais nem cobertor curto para fazer frente ao custeio, é que não há nem cobertor. E por mais que as reclamações do funcionalismo sejam procedentes, ninguém atrasa salário para se autoimolar politicamente. Vale o mesmo para o prefeito da Capital, Nelson Marchezan. É grave a crise, como dizíamos nos anos 1980.
Sempre se fala que os sucessivos governos nada fizeram para deter a hemorragia. Sim, mas falta alguém em Nuremberg. A Assembleia Legislativa, salvo iniciativas isoladas, nunca disse a que veio. Vamos repartir a culpa. Por extensão, os partidos também estarão na primeira fila no Juízo Final.