Motor bêbado
O Face me fez a gentileza de lembrar esse texto que publiquei há quatro anos.
“Tudo indica que a Petrobras vai aumentar a porcentagem de etanol de 25% para 27,5% na gasolina. Engenheiros ouvidos pelo site Car and Driver confirmam que motor bêbado pode prejudicar o motor, especialmente os que funcionam apenas com gasolina. Itens ligados à vedação, como os retentores, e problemas com o diafragma da válvula reguladora da pressão de combustível são algumas dessas malvadezas alcoólicas.”
Não sei a quantas anda a mistura hoje, mas deve continuar a mesma. Lembrança vai, lembrança vem, lembrei de uma conversa com o escritor e jornalista Josué Guimarães nos anos 1980, quando eu fazia o Informe Especial da ZH e ele assinava uma crônica na página ao lado. Certa tarde, ele me procurou para mostrar o texto que publicaria no dia seguinte, e tinha a ver com carros com motor a álcool, que eram muitos naqueles tempos.
Em síntese, Josué contou que trafegava sob trânsito pesado e depois parado na avenida Ipiranga. Abriu a janela para pegar um ar e, de repente, sentiu-se meio tonto “quase bêbado”, nas suas palavras. Estranhou, até achou que poderia ser um problema cardíaco, até que caiu a ficha. O autor de A Ferro e Fogo se convenceu de que a “embriaguez” vinha das descargas dos carros a álcool, circunstância piorada pelo congestionamento. Achei meio forte, até brinquei dizendo que seria uma maneira do pobre ficar borracho de graça, mas Josué já tinha cristalizado a convicção.