O recado do Ernani

31 jul • Caso do DiaNenhum comentário em O recado do Ernani

 Quanto mais violentos e cruéis são retratados no noticiário policial dos sites dos jornais e portais de notícias, maior o número de comerciais entre um parágrafo e outro. Não está certo. Vocês podem achar o contrário, mas não está certo, na minha opinião. Não casa, não fecha. Ah, dirão, mas os sites precisam sobreviver então é um material publicitário como qualquer outro, certo?

 Não. Pode ser que, nos dias que correm, a cultura de curtir tragédias sobreponha o negativismo de ver peças publicitárias como recheio de relatos de crimes selvagens, mas minha experiência como publicitário coloca em xeque essa assertiva moralmente falando.

 Conto um causo que tem tudo a ver. Nos anos 1970, trabalhei numa agência chamada SGB, cujo diretor regional era o querido e saudoso Ernani Behs, então visitamos uma fábrica de adubos que encomendou uma campanha milionária de divulgação da marca. Entre dezenas de outras peças, havia a previsão de painéis de estrada, placas em moirões, postes e em lugares de aglomeração de gente, como vendas de beira de estrada e postos, adesivos para lonas de caminhões e por aí afora. Na euforia, sugeri também pintar para-choques traseiros de caminhões que transportavam os fertilizantes. Ao meu lado, o Ernani pulou.

 – Se tem uma coisa que aprendi com as agências americanas é nunca botar propaganda atrás de uma coisa que te irrita ou te amedronta.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »