A Blazer
Meu compadre tem uma casa em Morro dos Conventos, SC, e passei alguns dias com eles. Na época, o cunhado dele havia importado uma SUV de luxo dos Estados Unidos. Certa manhã de sábado, fomos a Laguna, não pela BR, mas costurando estradas vicinais de chão batido. No meio do caminho, havia uma tenda de melancias e o aviso que estavam geladas. Paramos, comemos e ainda levamos algumas. Depois do pagamento, o dono da tenda se pôs a admirar o carrão.
– Mas que bonita essa sua breize!
O cunhado do compadre esclareceu que não era uma Blazer da General Motors, que era importada. O catarina estampou ceticismo no rosto.
– Tá achando que eu não conheço carro? Isso é uma breize, sim senhor, sei porque o patrão do meu pai tem uma. Só que é branca, essa tua cor é mixuruca.
– Meu amigo, agora sou eu que estou dizendo. Tá pensando que eu comprei o carro errado lá nos Estados Unidos? Não é Blazer coisa nenhuma, seu!
– Se o senhor quiser apostamos uma melança que é breize.
Puxei o cara pela manga. Vamos embora, vai ser uma discussão inócua, e o cara não vai mudar de opinião.
Pegamos a estrada. O dono do carro ficou quieto, claramente chateado. Em Laguna, fomos direto a um restaurante de frutos do mar. Deixamos o carro no estacionamento em frente. Camarões desse tamanho, ó… Na hora de pagar a conta, o garçom perguntou se estávamos de carro, e qual a marca.
– É uma breize – respondi depressa.
« Jiang Qing, viúva de Mao Tse-Tung Berço esplêndido ou coma profundo? »