Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

26 jul • ArtigosNenhum comentário em Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

A notícia do início desta última semana de julho foi que o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) subiu 3,22% em junho, quando atingiu R$ 3,357 trilhões em relação ao mês anterior, conforme divulgação do Tesouro Nacional.

A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) fechou o mês de junho em R$ 3,233 trilhões. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) somou R$ 123,99 bilhões (US$ 37,48 bilhões) também em junho.

A Dívida Pública Federal deverá finalizar o ano entre  R$ 3.450 e R$ 3.650 bilhões, leia-se 3,45 e 3,65 trilhões de reais. Uma dívida trilhonária  mesmo medida em dólares.

Para cobrir as necessidades de administração desta dívida, conforme Plano Anual de Financiamento para 2017, o Tesouro Nacional necessita de R$ 654 bilhões.  Parte deste montante virá do Orçamento da União, no montante de R$ 52,9 bilhões, valor bastante expressivo.  O Saldo de mais de R$ 600 bilhões serão buscados no mercado, tanto interno como externo, já que R$ 16,8 bilhões da Dívida Publica Federal externa tem vencimento neste ano, por captação nova ou rolagem de dívida.

Tudo estava se encaminhando para que o custo da DPF fosse diminuído, pela queda da taxa de juros básica (Taxa Selic). Inicialmente estimada para algo ao redor dos 8%.

Embora alguns economistas começaram até antever que Taxa Selic pudesse cair até o fim do ano para 7%. Entretanto, ainda não se tem o impacto dos aumentos dos combustíveis nos preços, o que poderá frear a queda da inflação.  O preço dos combustíveis atinge toda a economia.

A diminuição das taxas de juros para números na casa de 8%, permitiria a possibilidade de haver retomada do crédito para investimentos, uma retomada gradual no emprego assim antecipando a volta do consumo.

Para o governo a queda da Selic, permitiria uma forte redução no custo da Dívida Pública Federal, aliviando o orçamento para 2018 e o Déficit Público. Poderia até  resultar em investimentos por parte do governo.

A possibilidade de retomada da inflação, pode fazer com que o Banco Central (Copom) na reunião desta semana, cujo o resultado será anunciado na quarta- feira, 26, mantenha a taxa em 10,25% ou reduza a velocidade da queda da taxa de juros básica, até que o cenário se torne mais claro.
Sem a diminuição da Selic, o orçamento da União continuará pressionado, e para cobrir o déficit público, o governo terá que buscar recursos no Tesouro, que por sua vez necessita de mais dinheiro dos tributos, como foi agora o caso do aumento sobre combustíveis. A Dívida Publica continuará em escala ascendente.

O país necessita de que as taxas de juros caiam, assim como a inflação, mas o déficit publico, Receitas menos Despesas, continua aumentando.

É quase o círculo viciosos em que se encontrava o Brasil em 1993, só que agora a economia está estagnada.

A solução atual encontrada foi o do aumento das alíquotas sobre combustíveis e corte no orçamento, ainda assim insuficiente para dar o equilíbrio. Embora o governo diga que não haverá outros aumentos, sempre a necessidade fala mais alto. Não seria uma surpresa um aumento no IOF sobre operações de câmbio à vista.

O que se espera que o governo não caia na tentação de recorrer aos artifícios contábeis, a famosas pedalas do governo da Presidente Dilma, que levou o país a situação que estamos vivenciando.

Se a Economia havia se descolado da Política, agora  está sendo atraída de volta. Já que a única preocupação é a manutenção do presidente em sua cadeira, mesmo que isto tenha um custo alto. O Governo necessita dos congressistas para se defender dos ataques cerrados do MPF e seus perdões.

A situação atual em que estamos lembra o título da peça teatral de 1966, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Com, mas se…

Escrito em 24 de julho de 2017

P.S Em maio de 2009 usei este título em outro artigo, este de agora que merece ser repetido.

Abaixo, para recordar o que já foi a inflação no Brasil.

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Décio Pizzato

Economista, formado pela PUCRS, colunista do Conselho Federal de Economia (BSB [ único da região sul]).
Ex-diretor da ABAMEC-Sul (Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais – Região Sul) hoje APIMEC-SUL.

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