A forma
Se os jornais e televisões e rádios do RS, especialmente, tivessem a figura do ombudsmen, criação sueca que consiste em escolher um jornalista para analisar crítica e severamente os erros da redação do seu próprio veículo, depois tornar público em uma coluna ou página do mesmo veículo, levariam um choque. Quando colunistas, comentaristas ou âncoras entrevistam alguém não fazem perguntas, fazem teses e debulham antecipadamente sua opinião sobre o assunto em tela.
Já teve entrevistado que estrilou no ar. Disse que não foi lá para ser entrevistado, mas para ser criticado e, antes de mais nada, vai ter que ouvir o que o jornalista pensa dele e do seu trabalho. Normalmente, o pior. Como já dizia o ex-presidente Jânio Quadros, se sabes a resposta por que a perguntas?
Já usei aqui a figura da caixa de sapato para ilustrar o que digo. O entrevistador tem uma tese, uma forma, que cabe na caixa de sapato. Se, no decorrer do tempo, a forma que recebe de volta do perquirido não cabe na sua caixa, ele está errado. No caso de repórteres que vão a campo, é pior ainda – se a realidade não se encaixa na sua forma, a realidade está errada.
Como vai mal nosso jornalismo, nossa!