Gastronomia de porco
O fiscal chegou perto da pocilga do seu Elpídio. Olhou demoradamente os porcos e perguntou que tipo de comida dava para os animais.
– Dou restos de comida, lavagem, como a gente diz aqui fora. Ainda boto cascas de batatas, de abóboras e outros vegetais.
O fiscal apontou um dedo para Elpídio, dedo mais espetado que a propaganda do Tio Sam “I Want You”!
– Isso é crime! Como é que o senhor tem coragem de chamar isso de comida? Está multado!
Ficou sem jeito. Pegou a intimação e acompanhou o triunfante fiscal sair da propriedade. Tomou uma decisão para quando ele voltasse. De fato, algum tempo depois, o mesmo fiscal apareceu.
– E agora, seu Elpídio, qual comida o senhor dá aos porcos?
– Agora dou a mesma comida que comemos em casa, nada de restos. Eles comem feijão, arroz, massa, bife, salada. Até linguiça e batatinha frita eu dou pra eles.
– Mas o senhor não tem jeito mesmo! É um crime dar aos animais alimentos processados, cheios de sal, conservantes que comprovadamente dão câncer. Multado de novo!
Novamente, o homem ficou sem jeito. E de novo viu o fiscal sair da propriedade com ar de quem ganhou a segunda guerra mundial. Tomou a decisão definitiva. Tempos depois, o homem da caneta voltou.
– Espero que, desta vez, o senhor tenha aprendido a lição. Que comida o senhor distribuiu na pocilga?
– Nenhuma.
– Nenhuma? Como assim?
– Dou a todos eles um vale-refeição. Eles que comam onde e como quiserem.