O Passat iraquiano

12 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em O Passat iraquiano

 O primeiro carro da VW com motor refrigerado a água e tração dianteira foi o Passat 1.6. Lançado em meados da década de 1970, tinha 96 cavalos, potente para a época. O carro era realmente bom. O curioso é que boa parte deles era cor bordô, que não era exatamente uma cor atraente. Quem tinha um era o meu saudoso amigo Fernando Jorge Schneider, que foi presidente do Jockey Club do RS. Como meu irmão também tinha um, bege, achei estranho que havia diferenças notáveis entre os dois.

 Para começar o radiador era maior dos carros com essa cor, tinham ar condicionado potente, a taxa de compressão era um pouco maior, então nossa gasolina apenas tolerava o motor, e uma série de pequenos acessórios que não existiam nos carros de outras cores. Comecei a pesquisar e não foi difícil descobrir o motivo da diferença.

 Na época, a Petrobras namorava o promissor campo petrolífero de Majoon no Iraque, então o governo brasileiro fez uma complicada operação que envolvia um escambo com a VW, fazia parte do pagamento. A montadora exportou grande quantidade de Passat para os iraquianos, com melhorias para suportar o calor infernal de dia e o frio do deserto à noite. No fim, Majoon foi um fracasso, a operação era complicada e não valia a pena.

 Pior foi o mico que a VW teve que pagar. Todos os carros que eram exportados do Brasil para o Iraque foram pintados de bordô. Sucede que o bordô era uma cor maldita no Iraque, não saberia dizer se por motivos culturais ou religiosos. O fato é que a exportação fracassou, os que foram enviados foram devolvidos e o remédio foi vendê-los no mercado nacional.

 Por isso era chamado de Passat iraquiano. Para a alegria dos compradores brasileiros, porque era realmente superior.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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