Salamaleques protocolares
Se existe uma coisa que não muda no Brasil são os discursos. Por si só, a maioria deles é como a letra do Hino Nacional, longo e chato. É o princípio do discurso. No passado, no tempo dos grandes tribunos nos nossos legislativos, era diferente, mas eu falo de falas corporativas. Conheço discurseiros que gostariam de se autoaplaudir.
Em resumo, só quem gosta deles é o autor e a família do autor. Sim, eu sei, pareço cínico, mas ponham-se no meu lugar. Depois de ouvi-los por mais de 40 anos não dá mais, é como comer feijoada todos os dias. Além disso, discurso tem outra coisa chatésima: as citações iniciais. Alguns citam até a mãe do vizinho do cunhado da autoridade maior da plateia que está com ouvidos de prontidão.
Não faz muito, fui a um almoço do Prêmio Exportação da ADVB. Por sorte, parte do mundo corporativo é frugal com as palavras. A fala inicial ficou com o empresário Renato Malcon. Falou pouco e menos ainda na abertura.
– Autoridades presentes, senhoras e senhores.
E depois, direto ao ponto. Exemplo a ser imitado. Que a força deste modelo de discurso esteja convosco, oradores.