A confissão
Por que pintar o nome de uma mulher numa caminhonete luxuosa era a pergunta dos amigos do empresário. As enormes caminhonetas Chevrolet Veraneio tiveram seu tempo de vida prolongado por vários anos. Era o que hoje chamamos de SUV preferida pelas polícias civis, militares e da Federal. Pois foi uma delas que o empresário comprou para suas viagens pelo interior. Customizou o carro, botou frigobar, TV, bancos de couro reclináveis, quase um sofá cama. Música estéreo, o top de linha da época. Alto falante até no cinzeiro.
Portanto, a última coisa que se esperava de um sujeito de bom gosto, que era o caso, era o nome Romanita pintado na porta do motorista e também na porta do carona. Romanita, vejam só, até o nome não fechava com o carismático empreendedor, um homem que só usava ternos de casimira inglesa, sapatos italianos e gravatas francesas.
Alguns poucos sabiam o motivo do nome, mas não porque mandara pintá-lo nas portas. Vinha a ser a fogosa amante do bom vivant, até aí tudo bem. Mas na porta do luxuoso carro? Um dia, entre uma dose e outra de Single Malt Jameson, ele deixou escapar a esdrúxula razão.
Ele costumava falar alto durante o sono. E sua mulher tinha sono leve.