A confissão

13 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em A confissão

 Por que pintar o nome de uma mulher numa caminhonete luxuosa era a pergunta dos amigos do empresário. As enormes caminhonetas Chevrolet Veraneio tiveram seu tempo de vida prolongado por vários anos. Era o que hoje chamamos de SUV preferida pelas polícias civis, militares e da Federal. Pois foi uma delas que o empresário comprou para suas viagens pelo interior. Customizou o carro, botou frigobar, TV, bancos de couro reclináveis, quase um sofá cama. Música estéreo, o top de linha da época. Alto falante até no cinzeiro.

 Portanto, a última coisa que se esperava de um sujeito de bom gosto, que era o caso, era o nome Romanita pintado na porta do motorista e também na porta do carona. Romanita, vejam só, até o nome não fechava com o carismático empreendedor, um homem que só usava ternos de casimira inglesa, sapatos italianos e gravatas francesas.

 Alguns poucos sabiam o motivo do nome, mas não porque mandara pintá-lo nas portas. Vinha a ser a fogosa amante do bom vivant, até aí tudo bem. Mas na porta do luxuoso carro? Um dia, entre uma dose e outra de Single Malt Jameson, ele deixou escapar a esdrúxula razão.

 Ele costumava falar alto durante o sono. E sua mulher tinha sono leve.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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