Tu falas, eu gravo
Entre tantos detalhes de encontros com congressistas e gente dos governos Lula e Dilma, os publicitários João Santana e de sua esposa, Mônica Moura, contaram que o então líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, fez as negociações para contribuições de empreiteiras à sua campanha na sauna de sua casa em Campo Grande. O jornalista Carlos Brickmann escreveu que, num local como esse, não tem como entrar com gravador ou câmara clandestina. E arrematou: numa sauna, ninguém pode botar a mão no bolso do outro. No máximo, pode botar a mão por baixo da toalha, acrescento eu.
No entanto, gente com rabo preso e do tamanho da pista do Galeão continua falando no celular e mandando e-mails. Tancredo Neves costumava dizer que não existe segredo quando mais de um sabe. Nunca falava nada reservado no telefone. Hoje, então, é possível até mesmo captar uma conversa do lado de fora de uma casa detectando as vibrações das falas no vidro das janelas.
Até meados dos anos 1980, usava-se outro recurso que impedia que a conversa gravada clandestinamente fosse decifrada, abrir as torneiras da pia ou o chuveiro. Não dá mais, a sofisticação chega a tal ponto que os as conversas são filtradas apesar dos ruídos.
Não tem mais lugar ou equipamento seguro. Captar pensamentos de forma científica será questão de tempo.