Pensamento do Dias
Quando aprendemos a escrever, eles aposentam a gente.
No auge da guerra fria, nos anos 1950, e com o pesado investimento que os soviéticos fizeram em esportes olímpicos, o Kremling desafiou os Estados Unidos para um tira-teima, uma corrida de 100 metros rasos entre o melhor atleta soviético e o melhor do Tio Sam. Proposta aceita, foram à raia.
Assim que foi dada a largada, o americano disparou na frente do soviético e o venceu com larga vantagem. No dia seguinte, o Pravda, jornal oficial do PC russo, deu na manchete que a URSS tirou o segundo lugar e os EUA chegaram em penúltimo. Nunca deu para acreditar em comuna.
É nos detalhes que mora o Diabo, é nos detalhes que Deus está ausente. No caso do Brasil, Ele nunca foi brasileiro.
Maldade Dele? Não, falta de capricho nosso. Veja-se o caso da fuga de presos no presídio de segurança máxima do Rio Grande do Norte. Um alicate, um simples alicate esquecido na reforma da casa prisional possibilitou que dois apenados cavoucassem um buraco na parede da cela.
Foi só isso? Nãããão, tem mais.
Alguém aí já viu um presídio de segurança máxima sem muros e sem guaritas de vigilância? Porque não me orgulho da engenharia de presídios do meu país.
Claro que, depois da porta arrombada, vem a tranca de ferro, como diz o provérbio. Como o governo pagou um mico do tamanho de um gorila da Ruanda, agora corre atrás do prejuízo.
Por governo entenda-se o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que assumiu não faz muito prometendo cuidar da segurança pública. Cuidar para que ninguém fuja dos presídios já será um bom começo.
Por onde se olha tem coisa errada. Para ser franco, é difícil encontrar uma coisa certa no Brasil, estendendo as ilhas de excelência, maioria da iniciativa privada.
Vejamos outro exemplo, a BR-290, rodovia que liga Porto Alegre à fronteira Uruguaiana, que está um buraco só na parte que não foi concedida. Como diz um familiar meu que a conhece, dá vontade de fugir para outro planeta.
E eu lembro, ah como eu lembro, quando ela foi asfaltada em tempo recorde a partir do final dos anos 1960.
Em março de 1970, fui a Uruguaiana com um grupo de amigos. Teoricamente para curtir o famoso carnaval da cidade.
A construtora trabalhava dia e noite. E assim foi mesmo durante o carnaval. Quando fomos, o asfalto terminava dois quilômetros antes da cidade. Na volta, três dias depois, já tinha passado da entrada da cidade.
Ano após ano, eu viajei para lá sempre maravilhado com o asfalto, sinalização horizontal e vertical impecáveis. Usava-se muito o vidro refletivo nas laterais, chamado olho-de-gato.
A tinta que separava as pistas era reflexiva, novidade naquele tempo. As placas indicando a quilometragem foram colocadas a cada dois quilômetros, num sentido, e a cada dois quilômetros no outro. Um em número ímpar e outro, número par.
Quer dizer que já fomos mais caprichosos no passado. Mesmo assim, aos poucos, fomos perdendo esse capricho. Vide as ruas e avenidas das cidades, exceções à parte, cheias de buracos e imperfeições de sinalização.
Passa para o Uruguai, em Santana do Livramento, ou para a Argentina, nas cidades de fronteira, e o asfalto é liso e sem buracos.
No final dos anos 1950, o então governo Juscelino Kubitschek optou pelo rodoviariasmo. No que foi seguido pelos governantes que o sucederam, o que vale até o atual.
Nas décadas seguintes, as ferrovias foram sucateadas, carga e passageiros, e as rodovias não disseram a que vieram. Começou ali o nosso desastre. Um país que opta pelo caminhão e não constrói rodovias.
Vê se pode uma coisa dessas. E nem hidrovias em número decente temos.
Tenho uma inveja danada dos países europeus. Em todos eles, o trem de passageiros é prioridade. Na Alemanha, os modais ferroviário, rodoviário e hidroviário respondem por um terço do total.
A Suíça, que é quase só montanhas, está cheia de trens. Ah bom!, foste logo pegar a Suíça, você há de dizer.
Pois é. De desculpa em desculpa, somos um país que nunca chegou, e dificilmente chegará, lá.
Após chegar ao conhecimento da OAB/RS relatos de intimidação e extorsão a diversos advogados e advogadas do estado, a entidade oficiou a Polícia Civil, na quarta-feira (14), pedindo uma rápida apuração dos fatos. Além disso, a Ordem gaúcha, por meio do presidente Leonardo Lamachia, solicitou uma reunião com o chefe de polícia do estado, delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira, para tratar sobre os casos.